A fenilalanina é um aminoácido essencial, ou seja, não é sintetizado pelo organismo humano e precisa ser obtido através da alimentação. Presente em diversos alimentos ricos em proteínas, ela desempenha funções fundamentais na síntese proteica, na produção de neurotransmissores e na formação de pigmentos.
Este guia do traz um panorama completo sobre a fenilalanina: sua definição, funções fisiológicas, implicações clínicas e principais fontes alimentares.
Definição
A fenilalanina é um aminoácido essencial com duas formas principais:
-
L-fenilalanina (forma natural, presente em alimentos);
-
D-fenilalanina (sintética, usada em estudos experimentais e suplementos).
A L-fenilalanina está presente em alimentos como ovos, leite, carnes, peixes, queijos e soja. No organismo, ela atua como precursora de importantes substâncias, como tirosina, dopamina, norepinefrina e epinefrina.
Além disso, a fenilalanina compõe o adoçante aspartame, frequentemente utilizado em produtos dietéticos. Ela também está disponível na forma de suplemento alimentar, embora seu uso exija cautela, especialmente em indivíduos com fenilcetonúria (PKU).
Funções da Fenilalanina
🔹 Síntese de proteínas
A fenilalanina é incorporada nas cadeias polipeptídicas durante a síntese proteica nos ribossomos, atuando como um dos blocos fundamentais das proteínas corporais. Sua presença influencia diretamente a conformação e funcionalidade das proteínas sintetizadas.
🔹 Conversão em tirosina
Após a absorção, a fenilalanina é convertida em tirosina por meio da fenilalanina-hidroxilase. A tirosina, por sua vez, participa da biossíntese de:
-
Neurotransmissores (dopamina, norepinefrina, epinefrina);
-
Hormônios tireoidianos (T3 e T4);
-
Melanina, pigmento responsável pela coloração da pele, olhos e cabelos.
🔹 Produção de neurotransmissores
A tirosina originada da fenilalanina é precursora de neurotransmissores que regulam funções cognitivas, emocionais e fisiológicas:
-
Dopamina – humor, motivação e movimento;
-
Norepinefrina – foco, resposta ao estresse e pressão arterial;
-
Epinefrina – resposta de “luta ou fuga”, com aumento da frequência cardíaca e da oxigenação muscular.
🔹 Pigmentação cutânea e capilar
A tirosina também é essencial na produção de melanina pelos melanócitos. A quantidade e o tipo de melanina sintetizada (eumelanina ou feomelanina) determinam a cor da pele, cabelo e olhos.
Consumo de Fenilalanina e Fenilcetonúria (PKU)
Em pessoas saudáveis, a ingestão de fenilalanina é segura e essencial. No entanto, indivíduos com fenilcetonúria (PKU) — um erro inato do metabolismo — não possuem atividade suficiente da enzima fenilalanina-hidroxilase, responsável por convertê-la em tirosina.
Esse déficit causa acúmulo tóxico de fenilalanina no sangue, levando a danos neurológicos, déficits cognitivos e outros sintomas se não houver controle dietético rigoroso.
Conduta clínica na PKU:
-
Dieta restrita em fenilalanina desde os primeiros meses de vida;
-
Suplementação com aminoácidos isentos de fenilalanina;
-
Acompanhamento nutricional e bioquímico contínuo;
-
Consulta ao painel de alimentos da Anvisa, que informa a quantidade de fenilalanina em alimentos industrializados e naturais.
Alimentos que Contêm Fenilalanina
🔹 Alimentos de origem animal:
-
Carnes: bovina, suína, frango, peixe, frutos do mar;
-
Laticínios: leite, queijo, iogurte;
-
Ovos;
-
Embutidos: presunto, bacon, linguiça, salsicha.
🔹 Alimentos de origem vegetal:
-
Leguminosas: feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, soja;
-
Oleaginosas: nozes, castanhas, amendoim, pistache, amêndoas, avelã;
-
Cereais: trigo e derivados.
🔹 Alimentos industrializados:
-
Produtos que contenham aspartame, como refrigerantes diet, gomas de mascar, gelatinas dietéticas, entre outros;
-
Preparações que incluam ingredientes ricos em fenilalanina, como bolos, biscoitos, pães e confeitaria.
A ANVISA disponibiliza um painel digital atualizado para consulta da quantidade de fenilalanina em alimentos, uma ferramenta importante para o manejo nutricional de pacientes com PKU.
Referências
-
Baynes, John W. Bioquímica Médica, 4ª edição, Elsevier, 2015.
-
Bodamer, O. A. Overview of Phenylketonuria. UpToDate, 2023.
-
ANVISA. Fenilalanina em alimentos. Disponível em: gov.br/anvisa