Hoje o foco é o muco cervical, uma secreção fisiológica do sistema reprodutor feminino com papel fundamental na fertilidade, proteção uterina e saúde ginecológica.
Estamos aqui para ampliar seus conhecimentos e apoiar seu desenvolvimento profissional. Vamos juntos!
Anatomia do Aparelho Reprodutor Feminino
Antes de abordarmos o muco cervical, é importante revisar os principais componentes do sistema reprodutor feminino, que atua na reprodução e na regulação hormonal.
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Ovários: produzem os óvulos e os hormônios sexuais femininos (estrogênio e progesterona), regulando o ciclo menstrual e preparando o corpo para uma possível gestação.
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Tubas uterinas (trompas de Falópio): conduzem o óvulo do ovário ao útero e são o local da fertilização.
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Útero: órgão muscular onde ocorre a implantação do embrião e o desenvolvimento fetal.
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Colo do útero: porção inferior do útero que se projeta para a vagina. Produz o muco cervical, responsável por controlar o acesso de espermatozoides ao útero.
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Vagina: canal muscular que conecta o útero ao meio externo, atuando como via de entrada para o pênis, canal de parto e via de eliminação do fluxo menstrual.
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Glândulas vestibulares: responsáveis pela lubrificação vaginal durante a excitação sexual.
Essas estruturas trabalham de forma integrada para garantir a função reprodutiva e a saúde ginecológica da mulher.
O que é Muco Cervical?
O muco cervical é uma secreção produzida pelas glândulas localizadas no colo do útero. Composto por água, glicoproteínas e eletrólitos, sua função e consistência variam ao longo do ciclo menstrual sob influência dos hormônios, especialmente o estrogênio.
Durante a maior parte do ciclo, o muco é denso e espesso, dificultando a entrada de espermatozoides. Já no período fértil, próximo à ovulação, torna-se transparente, elástico e abundante, facilitando a ascensão dos espermatozoides em direção ao óvulo.
Esse processo também acompanha:
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Aumento da lubrificação vaginal
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Mudanças perceptíveis na vulva
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Elevação do desejo sexual, em alguns casos
Como ocorre a Produção de Muco Cervical
A produção do muco cervical depende da ação hormonal:
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Fase folicular (pré-ovulatória): sob o efeito do estrogênio, o muco se torna mais fluido e elástico, promovendo a fertilidade.
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Fase lútea (pós-ovulatória): com o aumento da progesterona, o muco torna-se espesso e impermeável, dificultando a penetração espermática.
Além de facilitar ou impedir a fertilização, o muco cervical também atua como barreira contra patógenos.
Muco Cervical como Método Contraceptivo
O método Billings, ou método do muco cervical, é uma forma natural de planejamento familiar baseada na observação diária do padrão do muco cervical.
Durante o período fértil:
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O muco se assemelha à clara de ovo: transparente, abundante e elástico
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Esses dias indicam alta fertilidade, e devem ser evitados por quem deseja prevenir a gravidez
No modelo Creighton, a mulher registra suas observações em planilhas específicas, identificando padrões e determinando com maior precisão os dias férteis.
Muco Cervical na Gestação
Durante a gravidez, o muco cervical sofre alterações hormonais importantes:
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Torna-se mais espesso e viscoso, formando o tampão mucoso que bloqueia a entrada de agentes infecciosos no útero
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Essa espessura aumenta à medida que a gestação avança, protegendo o ambiente intrauterino
Próximo ao parto, o muco pode se tornar mais fluido devido à ação da ocitocina, favorecendo o amolecimento e a dilatação do colo uterino.
Alterações Patológicas do Muco Cervical
Diversas condições podem modificar a aparência e função do muco cervical. Veja algumas:
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Candidíase: muco branco, espesso, semelhante a coalhada
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Vaginose bacteriana: muco fino, aquoso, com odor desagradável (cheiro de peixe)
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ISTs (clamídia, gonorreia, tricomoníase): muco purulento, espumoso, amarelado ou sanguinolento, com odor forte
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Cervicite: inflamação do colo uterino com aumento na produção de muco, geralmente alterado em cor e textura
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Distúrbios hormonais (SOP, disfunções tireoidianas): produzem muco escasso ou irregular
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Pólipos ou lesões cervicais: causam aumento ou sangramento no muco
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Câncer cervical: pode gerar secreções com sangue, odor fétido e presença de células anormais
A avaliação do muco pode fornecer pistas clínicas valiosas sobre a saúde ginecológica da paciente.
Referências
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GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed., Elsevier, 2017.
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FEBRASGO. Tratado de Ginecologia. 1ª ed. Elsevier, 2019.
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JUNQUEIRA, L.C.U.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia Básica. 13ª ed. Guanabara Koogan, 2018.