A verificação dos sinais vitais é um dos primeiros e mais importantes passos do exame físico. Esses parâmetros fornecem informações imediatas sobre o estado clínico geral do paciente e refletem o funcionamento de sistemas essenciais, como o cardiovascular, o respiratório e o termorregulatório.
Neste material, abordaremos o conceito, a abordagem semiológica e os métodos corretos para mensuração da pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corporal e saturação de oxigênio, incluindo seus valores de referência.
Conceito de sinais vitais
Os sinais vitais representam indicadores objetivos das funções fisiológicas básicas do organismo. Sua avaliação permite identificar precocemente alterações clínicas e orientar condutas terapêuticas.
Parâmetros avaliados:
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Pressão arterial
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Frequência cardíaca
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Frequência respiratória
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Temperatura corporal
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Saturação periférica de oxigênio (SpO₂)
Cada um fornece dados específicos sobre o desempenho dos sistemas corporais. Por exemplo, modificações na pressão arterial ou na frequência cardíaca podem sinalizar distúrbios cardíacos ou vasculares, enquanto mudanças na frequência respiratória podem indicar problemas pulmonares, metabólicos ou neurológicos.
Pressão arterial (PA)
A pressão arterial corresponde à força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias durante a circulação, sendo determinada pelo trabalho de bombeamento do coração e pela resistência vascular periférica.
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Pressão sistólica: valor máximo registrado durante a sístole (contração ventricular).
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Pressão diastólica: valor mínimo registrado durante a diástole (relaxamento ventricular).
Alterações na PA podem indicar condições como hipertensão arterial sistêmica, hipotensão ou distúrbios hemodinâmicos agudos.
Procedimentos para aferição correta
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Garantir que o paciente esteja em repouso por, no mínimo, 5 minutos, em ambiente calmo.
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Evitar que o paciente tenha consumido cafeína, fumado ou praticado exercícios físicos nos 30 minutos anteriores.
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Verificar se a bexiga está vazia e se o paciente não apresenta dor no momento da avaliação.
Posicionamento
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Paciente sentado, com pés apoiados no chão, pernas descruzadas e braço na altura do coração.
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O braço deve estar apoiado e livre de roupas.
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O manguito deve ser colocado de 2 a 3 cm acima da fossa cubital, centralizado sobre a artéria braquial.
Métodos de aferição
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Palpatório: palpa-se a artéria (braquial ou radial) e insufla-se o manguito até o pulso desaparecer; o valor obtido é a pressão sistólica estimada.
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Auscultatório: insufla-se o manguito 20–30 mmHg acima do valor estimado e esvazia-se lentamente enquanto se ausculta a artéria braquial. O primeiro som de Korotkoff indica a pressão sistólica, e o desaparecimento do som indica a pressão diastólica.
Valores de referência (adultos)
Conforme a VIII Diretriz Brasileira de Hipertensão:
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Normal: < 120/80 mmHg
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Pré-hipertensão: 121–139 / 81–89 mmHg
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Hipertensão: ≥ 140/90 mmHg
Frequência cardíaca (FC)
A frequência cardíaca corresponde ao número de batimentos cardíacos por minuto e reflete a função de bombeamento do coração. Alterações como bradicardia (FC baixa) ou taquicardia (FC elevada) podem indicar distúrbios cardíacos, metabólicos ou sistêmicos.
Métodos de avaliação
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Palpação do pulso arterial: feita em artérias periféricas (radial, carotídea, femoral), utilizando os dedos indicador e médio, contando-se os batimentos por 60 segundos. Em urgências, pode-se contar por 15 ou 30 segundos e multiplicar.
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Ausculta cardíaca: realizada com estetoscópio sobre o precórdio, útil especialmente em casos de arritmias.
Valores de referência (adultos)
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Normal: 60–100 bpm
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Bradicardia: < 60 bpm
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Taquicardia: > 100 bpm
Frequência respiratória (FR)
Refere-se ao número de incursões respiratórias (inspiração + expiração) por minuto. É um parâmetro simples, porém sensível para alterações respiratórias e metabólicas.
Procedimento
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Manter o paciente em repouso, sentado ou deitado confortavelmente.
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Observar discretamente os movimentos torácicos ou abdominais para não alterar o padrão respiratório.
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Contar os movimentos durante 60 segundos para maior precisão.
Valores de referência (adultos)
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Normal: 12–20 irpm
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Taquipneia: > 20 irpm
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Bradipneia: < 12 irpm
Temperatura corporal
Indica a capacidade do corpo de manter o equilíbrio térmico, regulado pelo hipotálamo. Alterações significativas podem indicar febre, hipotermia ou disfunções metabólicas.
Locais de aferição
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Axilar: mais utilizada, menos invasiva.
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Oral: requer colaboração do paciente e boca fechada durante o exame.
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Retal: mais precisa, indicada em casos que exigem maior acurácia, como em recém-nascidos ou pacientes inconscientes.
Valores de referência
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Axilar: 36,0°C – 37,2°C
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Oral: 36,2°C – 37,6°C
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Retal: 36,5°C – 37,8°C
Saturação de oxigênio (SpO₂)
Indica a porcentagem de hemoglobina ligada ao oxigênio no sangue arterial, sendo um marcador fundamental da eficiência da oxigenação.
Método de aferição
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Realizada com oxímetro de pulso, geralmente na ponta do dedo ou lóbulo da orelha.
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O dispositivo emite feixes de luz que diferenciam hemoglobina oxigenada da não oxigenada.
Valores de referência
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Adultos saudáveis: 95% – 100%
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Valores < 94% requerem investigação clínica.
Referência bibliográfica
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8ª ed. Guanabara Koogan, 2019.