Vamos explorar mais um tema fundamental da fisiologia? Hoje, o assunto é Contração Muscular, um dos processos essenciais para o funcionamento do corpo humano.
Acompanhe este resumo para fortalecer sua base teórica e ajudar no seu desempenho acadêmico e profissional.
🧠 Tipos de tecido muscular
O corpo humano é formado por três tipos principais de tecido muscular:
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Músculo esquelético: ligado aos ossos, é responsável pelos movimentos voluntários. Possui estriações visíveis ao microscópio.
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Músculo cardíaco: presente exclusivamente no coração, também é estriado, porém involuntário, e atua no bombeamento do sangue.
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Músculo liso: encontrado nas paredes de órgãos internos e estruturas como estômago, vasos sanguíneos e bexiga. Não possui estriações e atua de forma involuntária.
Embora a classificação “voluntário” e “involuntário” ainda seja usada, ela não é absoluta. O músculo esquelético, por exemplo, pode funcionar independentemente da consciência em certos reflexos. Já os músculos liso e cardíaco são modulados por estímulos hormonais e pelo sistema nervoso autônomo.
⚡ Processo geral da contração muscular
A contração muscular se inicia com a chegada de um potencial de ação ao neurônio motor. Esse impulso leva à liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, que se liga a receptores na membrana da fibra muscular, ativando canais iônicos.
A entrada de sódio despolariza a membrana, gerando um novo potencial de ação que se propaga por toda a fibra muscular e penetra por meio dos túbulos T, ativando o retículo sarcoplasmático a liberar íons cálcio (Ca²⁺).
O cálcio liberado se liga à troponina, permitindo a interação entre os filamentos de actina e miosina, iniciando o encurtamento da fibra — ou seja, a contração.
Após o estímulo, o cálcio é rapidamente recaptado pelo retículo sarcoplasmático por bombas de transporte ativo, encerrando a contração e promovendo o relaxamento muscular.
🧬 Formação do sarcômero
O sarcômero é a menor unidade funcional do músculo esquelético, organizado de forma repetitiva nas miofibrilas. Seus principais componentes são:
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Discos Z: delimitam os extremos do sarcômero, onde se fixam os filamentos de actina.
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Banda I: região clara, composta apenas por filamentos finos (actina).
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Banda A: área escura com sobreposição de actina e miosina.
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Zona H: região central da Banda A, composta apenas por miosina.
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Linha M: centro da Zona H, onde se ancoram os filamentos grossos.
A titina, maior proteína conhecida, conecta o disco Z à linha M, proporcionando elasticidade e estabilidade. Já a nebulina orienta o posicionamento correto dos filamentos de actina, garantindo o alinhamento estrutural.
🔬 Mecanismo molecular da contração muscular
A contração ocorre pelo deslizamento dos filamentos finos de actina sobre os grossos de miosina. No estado relaxado, a sobreposição entre esses filamentos é mínima. Durante a contração, a ação das pontes cruzadas de miosina puxa os filamentos de actina em direção à linha M, encurtando o sarcômero.
Esse processo é ativado pelos íons cálcio e depende da hidrólise de ATP, que fornece energia para o movimento das cabeças de miosina e o ciclo contínuo de ligação, tração e liberação da actina.
Sem ATP, as pontes cruzadas não se desligam — mecanismo que explica a rigidez cadavérica.
📚 Referências
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Guyton, A.C. & Hall, J.E. – Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Elsevier, 2017.
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Silverthorn, D. – Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 7ª ed. Artmed, 2017.