Sistema Nervoso Autônomo: Anatomia, Fisiologia e Patologias

Hoje vamos mergulhar no Sistema Nervoso Autônomo (SNA), uma rede essencial para a regulação automática das funções vitais—como batimentos cardíacos, digestão e respiração—e que atua sem a necessidade de controle consciente.

Este conteúdo oferece uma visão clara e abrangente da anatomia, desenvolvimento, funcionamento e principais disfunções do SNA, contribuindo para sua aplicação clínica.


O que é o Sistema Nervoso Autônomo?

O SNA é uma parte do sistema nervoso periférico que regula automaticamente funções vitais — como frequência cardíaca, pressão arterial, respiração, digestão e secreção glandular — sem intervenção consciente. Ele se divide em:

  • Simpático: responde ao estresse com reações de “luta ou fuga”.

  • Parassimpático: promove “descanso e digestão”, conservando energia.

  • Entérico: controla funções digestivas localmente, de forma mais independente.


Embriologia do SNA

O SNA se origina de células da crista neural, que migram em trajetos dorsolaterais e ventromediais sob influência de fatores de crescimento. Especificamente:

  • O simpático desenvolve-se a partir de células que se deslocam pelas regiões torácica e lombar.

  • O parassimpático deriva de células migre que vão para regiões cranianas e para o plexo sacral.

  • O entérico tem origem em células vagais que colonizam a parede intestinal, formando os plexos nervosos complexos responsáveis pelo controle digestivo.


Anatomia do Sistema Nervoso Autônomo

O SNA é composto por três subsistemas:

  • Simpático: fibras pré-ganglionares emergem da medula espinhal (T1–L2) e conectam-se a gânglios paravertebrais. O esquema “neurônio curto — gânglio — neurônio longo” permite respostas rápidas em situações de estresse.

  • Parassimpático: fibras originam-se no tronco encefálico (nervos cranianos III, VII, IX, X) e na medula sacral (S2–S4). Com fibras pré-ganglionares longas e pós-ganglionares curtas, esse sistema atua diretamente nos órgãos-alvo, promovendo descanso, digestão e economia de energia.

  • Entérico: localizado na parede intestinal, com dois plexos principais (de Auerbach e Meissner), regula motilidade e secreção digestiva, operando de maneira autônoma mas modulada pelos outros dois sistemas.


Fisiologia do Sistema Nervoso Autônomo

O SNA usa principalmente dois neurotransmissores:

  • Simpático:

    • Neurônios pré-ganglionares liberam acetilcolina (ACh) em receptores nicotínicos nos gânglios.

    • Neurônios pós-ganglionares liberam norepinefrina (NE) nos órgãos-alvo, aumentando frequência cardíaca, dilatando brônquios e mobilizando energia.

    • A adrenalina liberada pela medula adrenal intensifica a resposta sistêmica.

  • Parassimpático:

    • Tanto os pré- quanto os pós-ganglionares liberam ACh, que atua nos receptores nicotínicos dos gânglios e nos receptores muscarínicos nos órgãos-alvo.

    • Promove desaceleração cardíaca, aumento da digestão e relaxamento das vias aéreas.

  • Entérico:

    • Opera por reflexos locais, usando ACh, óxido nítrico e serotonina para regular motilidade e secreções digestivas — tudo com autonomia funcional, ainda que seja modulável pelos sistemas simpático e parassimpático.


Principais patologias associadas ao SNA

  • Neuropatia autonômica diabética: afeta a função cardiovascular (hipotensão ortostática), digestiva, urinária e sexual.

  • Síndrome de Horner: lesão no trajeto simpático resulta em ptose, miose e anidrose no lado afetado da face.

  • Hipotensão ortostática: dificuldade em manter a pressão arterial ao se levantar, comum em disfunções autonômicas e na atrofia de múltiplos sistemas.

  • Disautonomia (incluindo POTS): pode causar taquicardia, tontura, fadiga e desconforto ao mudanças posturais, com causas genéticas, infecciosas ou autoimunes.

  • Hiperhidrose: sudorese excessiva, muitas vezes tratada com simpatectomia torácica em casos graves.

  • Doença de Parkinson: afeta o controle autonômico, provocando constipação, disfunção urinária e instabilidade da pressão arterial.

  • Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS): afeta amplamente o SNA, prejudicando regulação cardiovascular, urinária e sexual.


Referências

  • WAXENBAUM, J. A.; REDDY, V.; VARACALLO, M. — Anatomy, Autonomic Nervous System. StatPearls, 2024.

  • LEBOUEF, T.; YAKER, Z.; WHITED, L. — Physiology, Autonomic Nervous System. StatPearls, 2024.

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