Fístula arteriovenosa: causas, manifestações clínicas e opções terapêuticas

A fístula arteriovenosa corresponde a uma ligação anormal entre uma artéria e uma veia, modificando o caminho natural do sangue. Essa alteração pode ser assintomática em alguns casos, mas também provocar complicações importantes, como insuficiência cardíaca ou déficit no aporte de oxigênio aos tecidos.

Graças a métodos diagnósticos como a ultrassonografia com Doppler e a angiografia, é possível identificar a condição com precisão e definir o tratamento adequado, que pode incluir procedimentos minimamente invasivos ou cirurgias conduzidas por especialistas em cirurgia vascular.


O que é uma fístula arteriovenosa e como ela se forma

A fístula arteriovenosa é caracterizada por uma comunicação direta entre uma artéria e uma veia, desviando o sangue do caminho habitual. Normalmente, o fluxo segue das artérias para os capilares, onde ocorre a troca de oxigênio e nutrientes com os tecidos, e, em seguida, segue para as veias. Quando há uma fístula, o sangue “salta” os capilares, indo diretamente da artéria para a veia, o que pode comprometer a oxigenação e o funcionamento normal dos tecidos.


Tipos de fístulas arteriovenosas

  • Congênitas: presentes desde o nascimento, resultam de falhas no desenvolvimento dos vasos durante a gestação. São incomuns, mas podem afetar regiões sensíveis, como cérebro e olhos.

  • Adquiridas: geralmente decorrentes de traumas que atingem artérias e veias próximas simultaneamente. Lesões por arma de fogo, facadas e intervenções cirúrgicas são causas comuns. Os sintomas costumam surgir pouco tempo após o trauma.


Mecanismos de formação

Nas congênitas, a falha ocorre ainda no período embrionário, estabelecendo uma ligação direta entre artéria e veia. Já nas adquiridas, traumas ou procedimentos médicos criam a comunicação anormal. Em alguns contextos, como na hemodiálise, a fístula é criada de forma planejada, com monitoramento constante para evitar complicações.

Quando o sangue arterial, sob alta pressão, passa diretamente para a veia, essa estrutura tende a se dilatar, aumentando o risco de complicações vasculares e sobrecarga circulatória.


Alterações no fluxo sanguíneo

A presença da fístula modifica a dinâmica circulatória: os capilares deixam de receber sangue suficiente para nutrir os tecidos. Em pequenas fístulas, os sintomas podem ser discretos, mas em casos maiores, surgem manifestações como fadiga, mudanças na cor da pele e, em situações graves, insuficiência cardíaca.


Fístulas criadas para fins médicos

Nem toda fístula é patológica. Em pacientes com insuficiência renal crônica, os médicos criam intencionalmente fístulas no braço para facilitar a hemodiálise. Esse procedimento aumenta o calibre da veia e melhora o fluxo sanguíneo, permitindo punções repetidas de forma segura. Quando deixam de ser necessárias, podem ser revertidas cirurgicamente.


Diferenças entre fístulas benignas e patológicas

O risco está associado principalmente ao tamanho e à localização. Pequenas fístulas podem não trazer grandes repercussões, mas quando próximas a regiões nobres, como cérebro, exigem maior vigilância. Sintomas como dor, dormência, queda da pressão arterial, varizes ou dilatação visível das veias são sinais de alerta e indicam a necessidade de avaliação médica.


Diagnóstico clínico e exames de imagem

Avaliação clínica inicial

Na consulta, o médico investiga sintomas como cansaço, inchaço, alteração da coloração da pele e presença de varizes. No exame físico, podem ser notadas áreas quentes, inchadas e pulsáteis. Um achado clássico é o sopro contínuo, detectado com estetoscópio, característico do fluxo sanguíneo anormal.

Técnicas de imagem mais utilizadas

  • Ultrassonografia com Doppler: primeira escolha, avalia o fluxo em tempo real e localiza a fístula com precisão.

  • Angiotomografia (TC): indicada para fístulas profundas; utiliza contraste para mapear vasos em imagens tridimensionais.

  • Angiorressonância magnética (ARM): útil em áreas críticas, como cérebro e coração, fornecendo imagens detalhadas sem invasão.

  • Angiografia convencional: método invasivo, mas essencial em casos complexos ou quando há indicação de tratamento endovascular.


Estratégias terapêuticas em fístulas congênitas e adquiridas

Fístulas congênitas

Se assintomáticas, podem apenas ser monitoradas. Nos casos clínicos, o tratamento mais comum é o procedimento endovascular, em que um cateter leva materiais (espirais metálicas ou tampões) que bloqueiam a comunicação anormal.

Fístulas adquiridas

Em geral, necessitam de cirurgia aberta, especialmente quando resultam de traumas. O reparo consiste no fechamento da conexão direta entre artéria e veia, restabelecendo o fluxo normal. Quanto mais precoce a intervenção, menores os riscos de complicações graves.


Cuidados complementares

Além das técnicas principais, podem ser utilizados recursos como:

  • Laser: indicado para fístulas pequenas.

  • Agentes bloqueadores: substâncias químicas que interrompem o fluxo na fístula.

Após o tratamento, exames periódicos com Doppler são fundamentais para monitorar a evolução e garantir a eficácia da intervenção.


Casos especiais: uso em diálise renal

Em pacientes renais crônicos, as fístulas arteriovenosas planejadas no braço são o acesso vascular mais utilizado para hemodiálise. Geralmente bem toleradas, oferecem fluxo contínuo e seguro, com risco reduzido de complicações. Quando não são mais necessárias, podem ser desfeitas.

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