Vamos aprofundar mais um tema essencial da anatomia e fisiologia mamária? Hoje o foco está nos tubérculos de Montgomery, pequenas estruturas que desempenham um papel significativo durante a gestação e lactação.
Neste resumo, apresentamos as principais características, funções e relevância clínica desses tubérculos, contribuindo para sua formação e prática médica.
🤰 Alterações mamárias na gestação e lactação
Durante a gestação, as mamas passam por transformações significativas, impulsionadas por uma complexa interação hormonal envolvendo estrogênio, progesterona, prolactina, HCG, HPL, hormônios tireoidianos e insulina.
Entre a 3ª e 4ª semanas gestacionais, inicia-se a proliferação dos ductos mamários, seguida da formação lobular. Do 5º ao 8º semana, essas mudanças se intensificam: há aumento do volume mamário, dilatação venosa e escurecimento do complexo aréolo-mamilar.
A partir do 2º trimestre, ocorre o início da secreção de colostro. No 3º trimestre, a mama está funcionalmente madura para lactação, com acúmulo de lipídios e maior vascularização, evidenciada pelas veias superficiais (plexo de Haller) e proeminência dos tubérculos de Montgomery.
Apesar da elevação da prolactina, os altos níveis de estrogênio e progesterona bloqueiam seus receptores nos alvéolos, impedindo a lactogênese efetiva até o pós-parto. O HPL, embora semelhante à prolactina, atua mais na diferenciação do tecido mamário do que na produção de leite propriamente dita.
🩺 O que são os Tubérculos de Montgomery?
Os tubérculos de Montgomery são pequenas elevações presentes ao redor da aréola mamária, visíveis principalmente durante a gravidez e amamentação. São projeções externas das glândulas de Montgomery, glândulas sebáceas modificadas localizadas sob a pele da aréola.
Essas glândulas têm características mistas entre glândulas sebáceas e sudoríparas, e se conectam à superfície da pele por meio de ductos, conferindo à aréola um aspecto rugoso. Cada tubérculo corresponde a uma dessas aberturas glandulares.
Essas estruturas fazem parte do complexo areolomamilar, que inclui a papila mamária (mamilo) e fibras musculares lisas responsáveis pela ereção da papila e pela ejeção de secreções dos ductos lactíferos.
Além disso, os tubérculos são altamente vascularizados e inervados, o que os torna sensíveis a estímulos hormonais e táteis.
🔬 Funções dos Tubérculos de Montgomery
Essas estruturas têm funções importantes, sobretudo nos períodos de gestação e lactação:
-
Lubrificação natural: as glândulas de Montgomery produzem uma secreção oleosa que mantém a hidratação da aréola e do mamilo, prevenindo fissuras, ressecamento e irritações durante a amamentação.
-
Ação antimicrobiana: a secreção também possui propriedades antibacterianas, protegendo a pele da aréola contra infecções.
-
Estímulo olfativo para o recém-nascido: estudos sugerem que o odor liberado por essas secreções ajuda o bebê a localizar o mamilo, favorecendo o início e a manutenção da amamentação.
🧪 Composição das secreções dos Tubérculos de Montgomery
Embora ainda pouco estudada em detalhes, a secreção dessas glândulas é composta por:
🧴 Lipídios
-
Triglicerídeos: criam uma camada oleosa protetora, impedindo o ressecamento.
-
Ácidos graxos livres: apresentam atividade antimicrobiana.
-
Ceras e esqualeno: reforçam a barreira protetora da pele.
🧬 Proteínas
-
Lactoferrina: tem propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias.
-
Lisozima: enzima que degrada a parede de bactérias, oferecendo proteção contra infecções.
⚛️ Íons (prováveis)
Apesar de não confirmados especificamente nos tubérculos de Montgomery, é possível que essas secreções contenham íons como sódio (Na⁺) e cloreto (Cl⁻), semelhantes aos encontrados em outras secreções glandulares, auxiliando no equilíbrio osmótico e proteção local.
📚 Referências
-
BALLARD, S. T.; SPADAFORA, D. Fluid secretion by submucosal glands of the tracheobronchial airways. Respir Physiol Neurobiol, 2007.
-
JAYARAMAN, S. et al. Submucosal gland secretions in airways from cystic fibrosis patients… PNAS, 2001.
-
HARIGOPAL, M.; SINGH, K. Breast development and morphology. UpToDate, 2024.
-
MENKE, C. H. Rotinas em mastologia. 2. ed. Artmed, 2007.
-
Ginecologia de Williams, 2014.