As artérias carótidas desempenham papel fundamental na irrigação do cérebro, sendo estruturas-chave na prática médica. Neste resumo, abordaremos sua anatomia, as principais patologias que podem acometê-las e os métodos de avaliação mais utilizados na prática clínica e em provas de residência.
Anatomia das Carótidas
A artéria carótida comum direita origina-se da bifurcação do tronco braquiocefálico, enquanto a esquerda parte diretamente do arco da aorta. Ambas ascendem até o pescoço, dividindo-se, na altura da cartilagem tireoidea, em dois ramos: a carótida interna e a carótida externa.
-
Carótida interna: não apresenta ramos cervicais e é responsável pela irrigação do encéfalo e estruturas orbitárias. Atravessa o canal carotídeo até o interior do crânio.
-
Carótida externa: irriga estruturas extracranianas, como face, couro cabeludo e cavidade oral. Termina nos ramos maxilar e temporal superficial, após atravessar a glândula parótida.
Principais Condições Patológicas
As artérias carótidas podem ser acometidas por diversas doenças que comprometem o fluxo sanguíneo cerebral. Veja as principais:
1. Estenose da Artéria Carótida
Estreitamento geralmente causado por aterosclerose. Pode ser assintomática, mas, em casos graves, leva a acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou ataques isquêmicos transitórios (AIT).
2. Aterosclerose Carotídea
Acúmulo de placas ateromatosas nas paredes das carótidas, com risco de embolização e isquemia cerebral.
3. Aneurisma da Carótida
Dilatação anormal da artéria, que pode romper-se e causar hemorragia grave. É menos comum, mas potencialmente letal.
4. Dissecção da Artéria Carótida
Ruptura da camada íntima da artéria, que permite infiltração de sangue entre as camadas da parede arterial. Pode causar dor cervical, AVC ou AIT.
5. Trombose Carotídea
Formação de coágulo que obstrui o fluxo sanguíneo. Pode ser decorrente de aterosclerose ou distúrbios de coagulação.
6. Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Compressão neurovascular na região entre clavícula e primeira costela, que pode afetar a carótida, embora seja menos frequente.
Avaliação Diagnóstica das Carótidas
A investigação das carótidas visa detectar alterações como placas, estenoses ou dissecções. Os principais métodos são:
• Ultrassom Doppler de Carótidas
Exame inicial e de escolha na triagem de estenoses. Não invasivo, rápido e sem radiação.
• Angiotomografia (Angio-TC)
Utiliza contraste iodado para fornecer imagens detalhadas das artérias.
• Angiorressonância (Angio-RM)
Boa alternativa para pacientes com contraindicação ao contraste iodado. Não usa radiação.
• Cateterismo (Arteriografia)
Invasivo, reservado para casos complexos ou indicação cirúrgica. Permite visualização em tempo real.
• Tomografia de Crânio
Indicado em pacientes com sintomas de AVC ou AIT, para avaliação de possíveis áreas de isquemia.
Questão de Prova
Prova: SES-GO 2024 – Residência Médica (Acesso Direto)
Caso clínico: Mulher, 68 anos, com hipertensão, diabetes e dislipidemia, apresentou perda de consciência e hemiplegia à direita. Suspeita-se de doença carotídea aterosclerótica.
Qual o exame inicial para rastreamento?
A) Angiografia das carótidas
B) Ecodoppler de carótidas
C) Angiorressonância de carótidas
D) Angiotomografia das carótidas
Resposta correta: B) Ecodoppler de carótidas
Comentário
A confirmação de estenose carotídea começa com ultrassonografia com doppler, exame de escolha por ser acessível, seguro e eficaz. Já a angio-RM, angio-TC e arteriografia são mais indicadas no planejamento cirúrgico ou em casos inconclusivos.
Manifestações clínicas associadas:
-
Amaurose fugaz: perda visual transitória causada por embolia da artéria oftálmica (ramo da carótida interna).
-
AIT (Ataque Isquêmico Transitório): déficit neurológico reversível sem dano tecidual.
-
AVE isquêmico: déficit neurológico permanente por isquemia cerebral.
Referências
-
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, Anne M. R. Anatomia orientada para a clínica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
-
DRAKE, Richard L.; VOGL, A. Wayne; MITCHELL, Adam W. M. Gray’s Anatomia Clínica para Estudantes. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
-
UpToDate (2023–2024):
-
Cucchiara, B.L. – Evaluation of carotid artery stenosis
-
Mullen, M.T.; Jim, J. – Management of symptomatic carotid atherosclerotic disease
-