Ergonomia no Trabalho: fundamentos, práticas e benefícios para a saúde

A ergonomia aplicada ao ambiente de trabalho busca adequar mobiliário, equipamentos e condições laborais às necessidades físicas e cognitivas dos trabalhadores. Essa adaptação tem como finalidade promover segurança, conforto e eficiência na execução das tarefas.

Com pequenas modificações no espaço e a adoção de práticas simples, é possível diminuir o risco de lesões musculoesqueléticas, melhorar o desempenho profissional e favorecer o bem-estar geral. Neste texto, serão abordados os fundamentos da ergonomia, suas consequências para a saúde, estratégias de adequação do posto de trabalho, importância da iluminação e do controle ambiental, além de exemplos práticos de alongamentos laborais.

Um ambiente ergonomicamente organizado não é apenas mais confortável, mas representa um investimento direto na saúde, produtividade e qualidade de vida dos trabalhadores.


Conceito de Ergonomia no Trabalho

A ergonomia no trabalho refere-se ao ajuste entre o ambiente, as ferramentas e as condições laborais em relação às características físicas e psicológicas de quem exerce determinada atividade. O objetivo central é reduzir sobrecargas físicas e mentais, criando um espaço que permita a realização das tarefas de forma eficiente e segura.

Esse conceito engloba múltiplos fatores, como mobiliário regulável, iluminação adequada, organização espacial, controle de ruído e temperatura, além de orientações para manutenção de posturas corretas. Dessa forma, busca-se prevenir esforços desnecessários e minimizar riscos ocupacionais.


Consequências para a Saúde

A falta de ergonomia no trabalho pode gerar repercussões significativas para a saúde, muitas vezes evoluindo de forma lenta e progressiva. Entre os problemas mais comuns estão:

  • Dores musculoesqueléticas: surgem principalmente na coluna, pescoço, ombros e membros devido a posturas incorretas e movimentos repetitivos.

  • LER (Lesões por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho): resultam da execução constante de movimentos, como a digitação, podendo comprometer mobilidade e produtividade.

  • Fadiga visual: iluminação insuficiente ou má posição de telas favorecem cansaço ocular, cefaleias e dificuldades de foco.

  • Estresse e fadiga mental: o desconforto físico constante repercute no estado psicológico, aumentando irritabilidade, dificuldade de concentração e risco de esgotamento.

  • Problemas circulatórios: permanecer longos períodos sentado, sem apoio adequado, prejudica o retorno venoso, favorecendo edema nos membros inferiores e, em situações graves, até trombose.

  • Comprometimento da qualidade de vida: dores e desconfortos constantes repercutem não apenas no ambiente de trabalho, mas também nas atividades diárias fora dele.


Adequação do Posto de Trabalho

O ajuste do posto de trabalho é fundamental para preservar a saúde do trabalhador e otimizar sua eficiência. Os principais pontos de atenção são:

  • Cadeira e mesa: a cadeira deve permitir regulagem de altura, garantindo que os pés estejam apoiados no chão ou em um suporte, com joelhos alinhados ao quadril. A altura da mesa deve possibilitar cotovelos flexionados a 90° durante a digitação.

  • Encosto lombar: o encosto deve ser ajustável e fornecer apoio à região lombar, reduzindo a sobrecarga da coluna.

  • Monitor: deve estar posicionado a uma distância equivalente a um braço estendido, com o topo da tela na altura dos olhos. Esse alinhamento evita tensão cervical e fadiga ocular.

  • Apoio para os pés: em situações em que a altura da mesa impossibilite apoio completo no chão, o uso de suporte é indicado.

  • Organização dos objetos: materiais de uso frequente precisam estar ao alcance das mãos, evitando torções ou movimentos repetitivos desnecessários.


Iluminação e Conforto Visual

A iluminação adequada é um dos pilares da ergonomia, pois interfere diretamente na saúde ocular e no desempenho das tarefas. Alguns cuidados incluem:

  • Distribuição uniforme da luz: deve-se evitar áreas com excesso de sombra ou de brilho.

  • Controle de reflexos: posicionar janelas, luminárias e telas de forma que não gerem reflexos incômodos; persianas e filtros de tela ajudam a ajustar a luz natural.

  • Nível de iluminância: para atividades de escritório, recomenda-se entre 500 e 1000 lux, valor considerado confortável para leitura e escrita.

  • Monitor e brilho: ajustar a tela em ângulo e intensidade que minimizem o esforço visual.

  • Descanso ocular: aplicar a regra 20-20-20 (a cada 20 minutos, olhar por 20 segundos para um ponto a 6 metros de distância) auxilia no alívio da fadiga visual.


Temperatura e Controle do Ruído

As condições ambientais, como temperatura, umidade e ruídos, também influenciam o bem-estar no trabalho.

  • Temperatura: o ideal situa-se entre 20ºC e 23ºC. Variações extremas podem causar fadiga, dor muscular e redução de produtividade.

  • Umidade do ar: deve ser mantida entre 40% e 60%, prevenindo ressecamento das vias respiratórias e irritações oculares.

  • Ruídos: o limite recomendado é de até 65 dB(A). Para reduzir impactos sonoros, podem ser utilizados isolamentos acústicos, divisórias e organização do espaço, alocando equipamentos barulhentos em áreas específicas.


Alongamento Laboral

A ginástica laboral é composta por exercícios simples que podem ser realizados no próprio ambiente de trabalho, com objetivo de alongar, fortalecer e relaxar a musculatura, prevenindo dores e lesões.

Exemplos de alongamentos:

  • Braços e ombros: elevar um braço e puxá-lo suavemente contra o peito, alongando ombros e parte superior do braço; estender o braço à frente e puxar os dedos para cima e para baixo, aliviando tensão nos punhos.

  • Pescoço: inclinar lateralmente a cabeça em direção ao ombro, mantendo a posição alguns segundos; realizar rotações lentas da cabeça para soltar a região cervical.

  • Coluna e lombar: entrelaçar as mãos e esticar os braços para cima, alongando a coluna; inclinar o tronco para frente até alcançar os pés, relaxando a região lombar.

  • Fortalecimento: elevar as pernas alternadamente enquanto permanece sentado, mantendo alguns segundos contraídos; contrair músculos das costas e ombros em posição ereta.

  • Respiração e relaxamento: inspirar profundamente pelo nariz, segurar alguns segundos e expirar lentamente pela boca; realizar rotações lentas de ombros para aliviar tensões.

Esses exercícios podem ser repetidos várias vezes ao longo da jornada, prevenindo desconfortos e contribuindo para a manutenção da saúde.


Referência

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas. Cartilha de Ergonomia: aspectos relacionados ao posto de trabalho. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_ergonomia.pdf

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